sábado, setembro 30, 2006

"Nunca ninguém pareceu tão triste. Amarga e escura, a meio caminho das trevas, sob o feixe de luz que fugia do sol para encerrar-se nas profundezas, talvez uma lágrima se tenha formado; e uma lágrima caiu; as águas agitaram-se de um lado para o outro e receberam-na, depois acalmaram-se. Nunca ninguém pareceu tão triste."
Virgínia Woolf - Rumo ao Farol


Hoje despertei ao meio do dia, sob a benção de um frio chato feito dor dente, que entraria pelas anáguas, caso as vestisse... Acredito que pouca gente saiba o que é a tristeza, embora todos se julguem seus maiores doutores... Eu sei. E hoje acordei longe de qualquer esboço de sentimento... Encontro-me simplesmente reclusa num silêncio de tons rubros e trago uma rosa de feltro enfiada em cachos desgrenhados; os olhos mais abertos que tudo e um deserto, árido e frio, paradoxo, no coração.


sexta-feira, setembro 29, 2006

quarta-feira, setembro 13, 2006

Sobre os contos

E quem me diz o acontece agora?
Coroada com meu mundo de cachos foscos e senhora absoluta da minha própria solidão, calço os cacos de todos aqueles sonhos... Vinte e poucos anos de noites mal dormidas e dias oníricos ao som de baladinhas bregas, de todas as épocas em que simplesmente não existi.
A angústia das chuvas que já me desabaram, as tardes douradas pela espera, o frio suado na barriga, a descoberta, o encontro a espera... sempre a espera à espera. E chega sempre o nada, depois de abotoadas as anáguas... Quem é que empresta um isqueiro, um frasco, uma alegria qualquer, que seja passageira, por que é preciso continuar com os escritos...
E quem sabe o que acontece agora?
Camuflados os pecados no cheiro doce que devia lembrar o paraíso. Velhos conhecidos com suas novas roupagens, seus novos discursos, sua carga boa daquelas velhas ilusões.
E vão-se pássaros, esperas, flores dormidas em páginas de poesia relida... Velhos amores que surgem como promessas de algo bom...
E qualquer coisa que remeta àquele passado preguiçoso entre pés de ovelhas e taiobas, q que enquanto presente parecia tudo menos bom, gera paz, conforto de seio de mãe...
Mas no calcanhar do destino metálico o que se arrasta é uma menina, cada ano mais menina na sua falta do que pensar... queima seus olhos essa cidade imensa, de imensos membros de concreto gasto. E essa cidade grita rouca a qualquer hora, para que mesmo no temor da solidão, imprevista em meio a tantos olhos, todos a amem, precisando.
E se a menina se arrasta é porque ainda não entendeu o que todos os outros sabem que é preciso saber...
E as fadas bocudas e malemolentes que vagam por aí, com suas unhas imensas e seu gingado escandaloso, sempre hão de brotar no caminho... e sempre há quem lhe compre a alma... sempre há quem lhe prometa uma ilusão convincente por um pouco do seu tempo... e se não sou eu, nem ela, são outros... E todos na mesma massa... todos têm histórias, com fadas, medos, pecados e mentiras, e não há quem se admita culpado, porque não há quem o seja, completamente.


quinta-feira, agosto 17, 2006


Restou uma idéia, e só.

O calor dos trópicos dava o ar da graça, e não tinha graça naquela situação.
Sequer uma idéia, por fim...
Um esboço de quase amor, num pacote suspeito de uma quase, quase ilusão... fazia algumas horas... poucas, mas bastante. Depois uma carreira imaculada e cheia de promessas, adornando a folha colorida de fichario... Depois a contemplação!! Suprema e bendita... tantos eram os deuses que a queriam... tantas eram as coisas que não via, sem precisar ver...

Mas sempre tem um depois depois do depois... sempre há renuncia, consequencoa, remorso...
Ela não era dos remossos...

Depois do depois vem o buraco no lugar onde havia algo bom.

Restam cheiros, digitais...

resta incerteza...

E ela, quase bonita de tão triste, não vai dormir nunca mais.

terça-feira, agosto 08, 2006

Era uma vez essa mulher...







Faltavam-lhe as cores do mundo. Não era inteira, nem assim, vista de perto... não era nem meia, nem meio a meio, nem quase qualquer coisa que lhe valhesse qualquer coisa. Era só ela, e não era nada, além daquilo tudo de que carecia...
Um belo dia, que na verdade não era tão belo assim, resolveu cansar-se. Resuluta, enfim, ela tornara-se, já que de fato cansou-se. Trancou as matérias que fazia, trancou-se dentro de casa, e já resoluta, resolveu mudar. Mais tarde não soube bem certo se resolveu de fato ou se só fez porque precisava, e precisando é que os instintos funcionam... mas quando debruçou-se sobre tal dúvida concluiu de pronto que de pouco adiantava sacia-la... jazia seco o tempo das respostas...
Mas, enfim...
Primeiro aguardou a Natureza...
Não lhe vinham as cores, nem os seios, nem as asas...
Não lhe vinha nada.
Cansou-se também. Espontânea, sequer resolvera... apenas cansara-se.
Rodou mais uma vez as chaves, para trancar bem todas as portas que se abriam depois das da casa. Trancou também as janelas e fechou muito bem as cortinas, para que nem o sol e nem o vento lá de fora pudessem ver o que ela era, o que ela se tornaria, e nem o elo entre as duas coisas, que ela pretendia deixar como perdido. Também para que até o ar lá de dentro se transformar-se junto com ela, se modificasse, se encantasse pela nova que paria, e para sempre a acompanhasse, como um cheiro só dela, como umas asas só sentidas...

E assim se fez, pela primeira vez, a sua vontade.

Fez seu próprio casulo.

Teceu suas teias.


Enquanto sua cumpria a sina, amargou amores mortos e contemplou vislumbrada um futuro em que os andarilhos do seu coração, antes perversos e pouco solicitos, estariam todos bobos, ressucitando os duelos por seu amor...
A vaidade lhe subiu a cabeça... queria tanto aquela meia lua de ex-amados, ajoelhados e humilhados, implorando o seu perdão, que nunca estava bom. Sucumbiu à febre insana dos que se perdem no próprio umbigo, depois de amargar a solidão do claustro.

Trocou de pele tantas vezes e com muito júbilo viu os maços de cabelho gasto e opaco descendo pelo ralo, dando lugar ao bom, ao belo, ao novo. E o novo era o que ela agora tinha. Ensaiou tantos olhares, tantos andares, tantos sins e tantos nãos... Era outra, era a que sempre quis ser. E agora que era, pensava ser também o que sempre quis ter... E não queria ninguém mais que ela mesmo, assim, imaculada e reluzente... parecia uma santa, parecia uma puta, uma gueixa, uma cigana... parecia a melhor de todas as coisas.

Satisfez-se muito tempo ali... na mesma casa trancada e já sem luz, com as beberagens e banquetes que inventara... sem sol, sem amor, sem necessidade.

Um belo dia (realmente nada belo), cansou-se. Era enfim o tempo de mostrar-se ao mundo. Tão culta, tão linda, tão fresca... e isso no tempo em que as contemporaneas já deviam afundar sob o tempo.

Pos qualquer trapo, era linda e completa, era tudo o que todos precisavam.

Então saiu.

O mundo estava morto.

Não havia homens, nem mulheres, nem amantes. Nem amores, nem rivais. Não havia nada, além dela.

Antes de derramar a primeira lágrima de desconsolo, sentiu um peso singelo nas costas... Adornava asas que lhe rasgavam as roupas.
Asas de borboleta...
Um resquício de sol lhe alcançou o rosto e ela se deu por satisfeita... esse era o beijo do amante maior!
E as asas voaram por ela, que parecia ter desde sempre voado. E ela ria um riso grande, largo, claro... Ela ria alto... Ela riu até perder o ar, fechar os olhos e não ver mais nada.

Ela voou pra sempre...

Ela não voltou nunca mais...


Houve um tempo em que ela descansava a cabeça sobre o braço no parapeito da jenela de madeira, e pensava. Era o tempo das linhas bem trançadas, rendinhas de babado e mosqueteiros de tule onde borboletas se perdiam para ficarem vivas para sempre...
Houve um tempo em que ela descansava a cabeça sobre o braço na tampa de um vaso qualquer, de um banheiro qualquer, invariavelmente sujo, e vomitava. Era o tempo das unhas cerradas e coloridas, das calças gastas, dos pés suspensos, das asas quebradas e cabelos emaranhados onde dúvidas se prendiam para estarem latentes para sempre...
Houve um tempo em que ela descansava a cabeça sobre outro braço qualquer, e chorava. Era o tempo em que os amores nasciam onde ela pousava o olhar e morriam quando já não havia o que olhar, e haviam restos do amor onde ilusões se quebravam para as lembranças serem tristes para sempre...
Houve um tempo em que todo o descanço era fadiga, e não fazia nada...
Calçada com meias coloridas e trajada dos trapos de rendinhas de babados, com os olhos vazios, coloridos ao redor, deixava o corpo abraçado aos vasos sujos e voava, de asas capengas, até ir povoar constelações...


sexta-feira, junho 30, 2006

Está chegando
Um novo tempo de paz
Junto com a chuva
Indo embora pro mar
E num improviso da jazz
Nossas manias se encontram
Está chegandoUm novo tempo de paz
Tanto faz
Com quem esteja a razão
Vamos ser amigos
Enfrentar os perigos
Não amargar nenhuma tensão
Sem paixão, tanto faz
Amor de irmão ta valendo mais
O que antigamente era vida ou morte
Foi ficando real mais forte
E nossos corações já não sofrem
Do mal da última palavra
E nossas conversas serão
Doces sobremesas calmas
Tá valendo mais
Que qualquer coisa na vida
Mais do que qualquer grilo
O tanto que a gente amou
Que ficou
Barão Vermelho
Ao Poeta - Irmão

terça-feira, junho 20, 2006

Devaneio ao Poeta e sua quase eternidade que insite

Cá estou eu... Bizarramente ouvindo canceriano sem lar, e realmente bebendo um café p/ fumar. Acho que todo canceriano tem dessas coisas, que os pais de bebês cancerianos saibam disso... bebemos muito de muitas coisas, inclusive café. E não seria estranho que fumássemos de muitas coisas, inclusive cigarros.
Mas enfim... volto ao assunto mais rodado de todas as épocas, do qual eu não escapo (outro fardo dos pobres cancerianos...), o Amor!
Ah, disse bem Nelson Rodrigues: é o ridículo da vida!... Depois que passa toda a tristeza lírica que embala feito trilha sonora aquele amorzinho doído de quem não tem quem quer (mesmo quem tem, nunca tem do jeito que quer...), que também não deixa de ser tremendamente patético, vem a loucura.
E é na fase fase da loucura que eu me encontro. Claro que quem vive seus amores não a conhece. Não é meu caso... não vivo nada. Vivo dentro de mim, o que não adianta. Aliás, nada adinata... Volumes de manuais de guerra milenares, anos jogando xadrez, e eu caio nos mesmo erros de sempre... Amor tem muito de guerra e de tabuleiro de xadrez. Caso você esqueça ou ignore a auto-proteção, voce se fode. Tem muito de futebol também... Subestimar o adversário é um erro mais corriqueiro do que parece. Bem que eu já devia estar caleijada dessas táticas... mas não me aguento. Me dão a mão e eu quero o braço... quero sempre mais e mais até do que eu posso aguentar. Felizmente saio ilesa, depois de escandalos homéricos e litros de lágrimas enxarcando trabesseiros, trago imaculados meus quase amores, em fila indiana por ordem, ora cronológica, ora de intensidade... No fundo, quando acaba, são todos "quase"... Uns viram amigos, outros revivais esporádicos e outros somem no mundo, resolvem amar outras pessoas... mas minha capacidade de achar gente sumida é espantosa... recolho as ovelhas desgarradas num único telefonema, em data bem distante do aniversário, para não encher muito a bola, e me satisfaço sabendo que não estou esquecida nem odiada. Mas são "quase"... e se isso não me dói, me magoa que não doa... Comédias romanticas acabam com a vida das mocinhas mais racionais... E agora não sou mais nenhuma mocinha. Tudo bem, ainda tenho um poster das Spice Girls na casa da vovó, mas não tem mais essa coisa de mandar recadinho e depois beijar atrás do colégio. Sinto-me muito velha, aliás, vendo fazer isso os que eram bebês horrendos quando eu já fazia! Preciso de um amor. Mesmo que não seja completo, absoluto e eterno, que seja pontual... Que me leve ao cinema de vez em quando. Não sou mais uma mocinha... e não quero gostar de quem não gosta de mim, porque isso eu faço desde a oitava série...
E, ora bolas... porque eu não desisto logo de você? Que saco isso de não enxergar novas possibilidades em novas pessoas... existem milhares delas, aqui mesmo, no Rio de Janeiro. E o que é que você tem que elas não vão ter nunca? Tudo bem, você é inteligente, do bem, fofo e escreve feito um demônio... E daí?
Mas eu não desisto. Já esqueci qualquer melancolia oriunda da tua aparição (e "desaparição"!!), mas restou uma lasca de qualquer coisa, que brota, mesmo que o terreno do coração já esteja tão árido quanto qualquer coisa mais árida do mundo. E inalgura-se a loucura. E eu escrevo coisas sem sentido e desfilo com um biquini que nuna foi a praia pela casa... E faço convites descarados, e o desespero brota pelos olhos... E você nada, porque é tão simples e você entende: milhares de pessoas, só aqui, no Rio de Janeiro... porque me querer?? O que eu tenho que elas nunca vão ter??
Mas eu não desisto, e nem fico triste. O cabelo escorre pelas costas tortas, amanhã completo 21 anos estranhamente vividos, o Chico César canta ali na T.V., o cinzeiro enche, o copo esvazia... e cadê você? O vento que entra pela janela passou por teus jardins? Não... e não desistir é o que irrita. Estou absolutamente irritada... e com frio, e sem saco pra terminar as coisas começadas e catando no ar qualquer idéia para o conto da Luzia. Eu não preciso de você, e ainda assim eu quero e quero e não desisto de querer...
Mete medo isso.
Mas eu tento ir... Se é para não desistir, que não desita lá fora, onde são mudos os leões alados e outras espécies estranhas que já existiam antes de você. E que fique onde esta seu vodu de cera... tudo que eu criei de verossímel. E as borboletas que vieram depois, que sejam eternas.


domingo, junho 18, 2006

quinta-feira, junho 15, 2006

eughfuishadflckjsndvk


Há de se admirar qualquer coisa na covardia... Algumas pessoas têm mesmo dificuldade de dizer o que pensam ou sentem... Nunca gostei dessas pessoas o suficiente para não magoa-las. Um pouco de mágoa faz bem volta e meia... nos livra da utopia de que tudo dá certo, tudo é bom... Do que eu não me livro é dessa mania de fazer tratamento de choque com pessoas estranhas, que não dizem, não decidem, não arcam com consequências que temem desencadear. É a vida delas, é verdade, mas eu gosto é dos apaixonados, escandalosos, e ponto. Confesso até que desconfio de pessoas muito resguardadas, retidas, que pensam 387 vezes antes de pronunciar um palavra. Mas parece que só se fazem pessoas assim ultimamente. E me sinto até muito estranha perto delas... uma Zaratrustra desfilando meu all star pela Nossa Senhora... mas vá lá... sentir-se estranha não é o mais estranho. O estranho é minha Primavera desabrochar no Inverno do mundo... em meio ao meu mais consciênte inferno astral! E estranho é eu me perceber tão renovada ainda que ainda incompreendida, sem quase nada passado a limpo. E nessas horas eu sou mais perversa... não sei porque, mas não luto contra. Se as pessoas não me dizem o que pensam, azar o delas, não esperem o mesmo de mim... Digo mesmo, grito, ainda que de forma escrita... Se não deixar no mundo nada de bom e quase eterno, fica pelo menos o rastro de verdades particulares ditas...
Amo mesmo, de verdade, e desamo com mais verdade ainda... E desamo dignamente, de forma completa, por amar também de forma completa... E danem-se os protocolos. Sutiãs forma queimados há 50 anos para que eu bebesse minhas tequilas e encurtasse minha saia sem ressaca moral. O mundo é dos íntegros...
Agora estou cansada... Nào sei do que, exatamente...

terça-feira, junho 13, 2006

Carta ao que se foi...

Essa carta era pra alguém que já estava tão longe que eu não podia enviar... felizmente o mundo não gira tão rápido que não se possa mudar certas coisas. Não há necessidade de nomes ( o que é um nome, afinal??)... E de resto, resta dizer que existem muitas coisas à mais, se tratando desse pessoa, desse amigo (no sentido mais amplo), mas o vocabulário é bem pobre para as coisas que realmente importam... mas ele sabe.

A falta que faz alguém só se percebe quando esse alguém falta... esse é o grande problema. Quanto à você, meu amigo primeiro e mais completo, eu já desconfiava... mas constatar é coisa ainda pior.
Por quantos invernos esse nosso inverno se propagará, eu não sei. A possível eternidade me mete medo.
E me pergunto, assim, quase sempre, desde então, como pode alguém ser tão importante. Quanto tempo eu caminhei ignorante de ti... e agora caminhar é tão estranho, assim, meio só.
Não que não hajam outros amigos, com outras qualidades e defeitos que te faltam... Mas você é você...
E você era importante. E quando falta é ainda mais.
Quantas coisas queria que soubesse, que visse, que opinasse...
E agora só importa que saiba, ainda que não venha nuca a saber, importa que eu diga... que meu amor por você vai além do que carece de beijos. É mais bonito e mais eterno justamente por isso. E justamente por isso talvez seja mais complicado. Eu te amo como se ama a si mesmo... meio que querendo encontrar.
E no fundo eu sei, que mesmo que o inverno se estenda até que já não haja essa saudade besta, vamos levar qualquer coisa um do outro. Qualquer vida leva qualquer coisa de outra, mas a nossa levará mais. Mesmo que uma pedra no sapato, uma rocha no meio do rio, quase esquecida, quase imperceptível... qualquer coisa a gente vai sempre ser, meu amigo... e eu te amo de qualquer forma que você não entende. Como amam os que não sabem que amam...
E só importa que você saiba, que a saudade existe, que o amor existe, e que qualquer coisa mudou na minha vida e na minha alma, depois que por aqui andou você.
E se a distância geográfica não impediu isso de crescer, não é a ausência de palavras que vai fazer morrer.
E no mais, te desejo sorte, todo amor que houver nessa vida, e muito, muito dircenimento... que você nunca tenha juízo demais, que nunca pense duas vezes sobre o que importa, e que em momento algum duvide de elogios... que sua vida dure o quanto durar a beleza dela, e que não se estenda até onde não faça mais sentido o seus sonhos... Nunca deixe de sonhar...
E saiba sempre, sempre, que eu te quero todo p bem do mundo, mesmo que pr isso eu precise estar cada vez mais longe... porque nunca vou estar tanto assim.
Erika.

tente outra vez



Canceriano sem lar - Rauzito

Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Trancado dentro de mim mesmo
Eu sou um canceriano sem lar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
É, é, porém, mas, todavia
Eu sou um canceriano sem lar
Eu tomo café pra mim não chorar
Pergunto à nuvem preta quando o sol vai brilhar
Estou deitado em minha vida
E o soro que me induz a lutar
Estou na Clínica Tobias
Tão longe do aconchego do lar
All right, man
Play the blues
Eu tomo café pra mim não chorar
Pergunto à nuvem preta quando o sol vai brilhar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Estou sentado em minha cama
Tomando meu café prá fumar
Tracado dentro de mim mesmo eu sou, um canceriano sem lar
All right, man
Play the blues
Clinica Tobias Blues

À alguém... nunca achei que serviria!

VIRGEM
(Marina Lima/Antonio Cicero)

As coisas não precisam de você
Quem disse que eu
Tinha que precisar?
As luzes brilham no Vidigal
E não precisam de você,
Os Dois Irmãos também não precisam
O Hotel Marina quando acende
Não é por nós dois
Nem lembra o nosso amor
Os inocentes do Leblon,
Esses nem sabem de você
Nem vão querer saber,
E o Farol da Ilha só gira agora
Por outros olhos e armadilhas
O Farol da Ilha procura agora
Outros olhos e armadilhas
Outros olhos e armadilhas

Mais um 12 de quando???


Meio vestida e ao som de um chuveiro ao longe, ela percebe, já meio alta: ele não me quer!

E a tristeza que fica, do amor vão, vem com a certeza que liberta: todos o são...

E cantando mentalmente o trecho que recorda, na voz da Marina é bem melhor... "bilhões de humanos/ siderais enganos/ e eu só queria te abraçar..."

Até quando, ela não sabe... mas um dia ela esquece, ou lembra sem pesar... Tanto faz... Melhor abraçar um trabesseiro que nada...

domingo, junho 11, 2006

Epigrama n. 13


Passaram os reis coroados de ouro,
e os heróis coroados de louro
passaram por esse caminho.
Deois vieram os santos e os bardos
Os santos, cobertos de espinhos,
Os poetas, cingidos de cardos.
Cecília Meireles.

o Adeus




No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho?
Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.
Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante.Eu sentia dentro de mim, doce, essa espécie de saturação boa, como um veneno que tonteia, como se meus cabelos já tivessem o cheiro de seus cabelos, se o cheiro de sua pele tivesse entrado na minha. Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor, eles tendiam a se parecer no mesmo repetido jogo lânguido, e uma vez, que, sentado, de frente para a janela por onde se filtrava um eco pálido de luz, eu a contemplava tão pura e nua, ela disse: "Meu Deus, seus olhos estão esverdeando":
Nossas palavras baixas eram murmuradas pela mesma voz, nossos gestos eram parecidos e integrados, como se o amor fosse um longo ensaio para que um movimento chamasse outro: inconscientemente compúnhamos esse jogo de um ritmo imperceptível, como um lento bailado.
Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza; resolvi sair, era preciso dar uma escapada para obter víveres; vesti-me lentamente, calcei os sapatos como quem faz algo de estranho; que horas seriam?
Quando cheguei à rua e olhei, com um vago temor, um sol extraordinariamente claro me bateu nos olhos, na cara, desceu pela minha roupa, senti vagamente que aquecia meus sapatos. Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam; tive uma tonteira, e uma sensação dolorosa no estômago.
Havia um grande caminhão vendendo uvas, pequenas uvas escuras; comprei cinco quilos. O homem fez um grande embrulho de jornal; voltei, carregando aquele embrulho de encontro ao peito, como se fosse a minha salvação.E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre acabara; alguém viera e batera à porta, e ela abrira pensando que fosse eu, e então já havia também o carteiro querendo o recibo de uma carta registrada, e quando o telefone bateu foi preciso atender, e nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre — senti que ela me disse isso num instante, num olhar entretanto lento (achei seus olhos muito claros, há muito tempo não os via assim, em plena luz), um olhar de apelo e de tristeza onde entretanto ainda havia uma inútil, resignada esperança.
Texto extraído do livro "Figuras do Brasil – 80 autores em 80 anos de Folha", Publifolha – SP, 2001, pág. 132.

sábado, junho 10, 2006

Aos amigos Todos


Lembranças sinceras e singelas aos amigos que crescem agora, longe de mim e de todos nós. Tenho poucos amigos... Tão poucos que saio com as mesmas pessoas que, quando não saem, fico eu em casa também... Mas são tão bons e tão perfeitos meus amigos que nada além me seduz. Os poucos daqui, estão trabalhando, dormindo ou copulando nesse momento... e eu trago uma toalha amarrada na cabeça, um cigarro queimando no cinzeiro e as unhas dos pés secando... feias e maltrapilhas. E do nada penso nos amigos... os de lá (e são muitos lás... a manada se dissipa), coram ao sol na calçada da Igreja de uma cidadezinha perdida em Minas Gerais, bebem cerveja e sonham seus sonhos, ainda quase todos atrelados à utopia da liberdade... ou contemplam qualquer coisa... duvido que algum esteja dormindo! Só tenho amigos artistas... cada qual ao seu modo... até os que estudam Nutrição ou Fisioterapia...
E eles crescem... eu também cresço... Já dividi merenda com alguns... com outros já comecei dividindo o copo... mas sempre dividi qualquer coisa. Amizade é isso... divisão que soma...
Ninguém em especial, todos são, e amo todos... ao meu modo... meio antipática às vezes. Meio sem querer também. Mas não ter amigos é bem pior que sentir saudade, ou saber que não se pode agora corar ao sol na porta da Igreja e nem beber cerveja num boteco qualquer.
Preciso trabalhar agora... eu também cresço!

sexta-feira, junho 09, 2006


Almondegas me esperam na geladeira...
Estive pensando no quanto o ser humano é engraçado... a gente nunca diz ou faz o que realmente quer, em função do que o "outro" vai pensar, ou como vai reagir... A gente esquece que o "outro" é feito da mesma coisa que a gente, dotado de medos e desejos que variam na matéria, mas não na essencia. Meus teóricos dizem que eu espanto muita gente por ser tão deseperada... na verdade acho a palavra "deseperada" meio imprópria, mas é a que melhor exprime o sentimento deles, enfim... Fato é eu tenho consciência de que as coisas têm seu momento, e que é melhor tomar logo uma surra que viver tomando beliscões... Kurt Cobain disse isso bem: é melhor queimar que apagar aos poucos... Logo, é melhor fazer ou falar tudo o que se quer, pra que o outro saiba, e escolha o que quer também. Isso desobstrui as linhas, sabe??? A gente sofre um pouquinho quando leva um "não", ou quando a pessoa que imaginávamos não é exatamente a que existe de fato, mas encarar a verdade faz agente buscar novos caminhos, novas alternativas. E a gente tem um medo absurdo disso... prefere não ser claro e não olhar a transparência...
Estive pensando nisso... em quanto tempo se perde com isso... pode-se perder uma vida assim...

É bobeira... teoria inaplicável... como mudar milênios de natureza humana, afinal???



fim de noite


Nada de surpreendente no meu dia... e nenhuma sensação realmente nova também. Acho que a iminência de mais um aniversário me deixa meio vazia mesmo...
No mais, um pouco de frio, alguns dentes doendo, uns cigarros e o dvd da Noviça Rebelde me prometem companhia para isso que deveria ser um fim de noite, mas já é um começo de dia. Algumas saudades que tento fazer de baixo escalão me atormentam um pouco... coisa que essa maldita insônia agrava.
Saudade boa não me visita com frequência, mas nem sei se gostaria...
Shampoo novo...
Escova de dentes nova...
E ainda o trabalho de parto pra mais um conto... não sai nunca! Talvez o mais difícil até hoje. Talvez aguarde uma nova paixão pra sair de vez, mas não que qualquer coisa em mim aguarda pra se apaixonar outra vez... nem que por um personagem do Garcia Marquez...

Boa noite aos que também não dormem nessas horas.
E boa sorte aos que amanhã acordam...

To muito chata hoje.

quinta-feira, junho 08, 2006

08 de Junho...

Meu deus, meu deus...
É tanto problema besta e de difícil solução... E até a iminnência de perda de coisas das quais não gostamos tanto nos apavora.
Eu queria era ser doida...
Largar tudo que nem conquistei ainda, penhorar cacarecos onde os aceitassem e minimizar todo o meu mundo numa mochila... meter os pés no mundo...

Mas cá estaou eu... toda errada na faculdade que não quero, toda lerda no trabalho que não me sustenta por completo, toda perdida entre os novos velhos conhecidos...

08 de Junho...

Meu deus, meu deus...
É tanto problema besta e de difícil solução... E até a iminnência de perda de coisas das quais não gostamos tanto nos apavora.
Eu queria era ser doida...
Largar tudo que nem conquistei ainda, penhorar cacarecos onde os aceitassem e minimizar todo o meu mundo numa mochila... meter os pés no mundo...

Mas cá estaou eu... toda errada na faculdade que não quero, toda lerda no trabalho que não me sustenta por completo, toda perdida entre os novos velhos conhecidos...

terça-feira, junho 06, 2006

WHERE IS THE LOVE???



Eros e Psiquê

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
Ir atrás de coelhos brancos (amarelos, azuis ou vermelhos) é o mínimo que podemos fazer por nós mesmos... Antes do fim, no entanto, descobrimos que somos mais coelho que menininha... E que no salto atrás do desconhecido, não caímos em buraco algum, mas planamos sob tudo que já fomos e podemos ser ainda... e nada é mais bonito...

06/06/06

"Por ela, os homens te conhecerão;
por ela, os tempos versáteis saberão
que o mundoficou mais belo, ainda que inutilmente
quando por ele andou teu coração..."
Cecília Meireles



06/06/06


Eis-me aqui. Hoje é particularmente vazio... Mantenho-me distante do que não me faz um bem necessário, e deixo respirar quem precisa, mesmo não sendo isso que eu quero. Trago esquisitos os pés, distantes de qualquer feminilidade que por ventura me tornasse mais bonita. Desleixo é uma arte, também. E um dom. Mas ter pés como os meu, num clã de pés bem desenhados é um martírio... Mas importa é que andem... e como andam meus pés! Abdiquei das asas quando se tornou perigoso e difícil viver... Talvez um dia retome a vontade de usa-las, porque coragem eu sempre tenho, até então. Costumo ter coragem pra muita coisa que nem carece, mas para as outras coisas falta mais... ou sobra a dúvida. E hoje é esse dia. Verdades camufladas se desvendam... verdades das quais sinceramente não precisava.

E hoje tanto faz. Inalguram-se novas coisas.

O que ninguém percebe é o que o nascer do sol é um levantar de cortinas, o ato único... progride até o apagar das luzes, que são da cidade, da casa, da alma. Quando fechamos os olhos é que começa a vida real. Por isso o "não se deve confiar" em quem beija de olhos abertos...

Qualquer coisa de novo espreita na esquina. Qualquer coisa de eterno.

E hoje, nessa casa vazia um coração vazio vai folear livros relidos mil vezes, relembrar amigos perdidos e falar de contas de condomínio com quem interesse falar, se chegar alguém pra falar... Amanhã algo novo a preenche.

Como se dizer solidão em muitas linguas pudesse fazer com que sentissemos dentro da gente a vastidão do mundo de fora... Solidão é bom, dentro de determinados contestos. Mas dentro de muitos outros (e são muito mais e mais terríveis), é coisa muito ruim. Vai além de estar efetivamente sozinho, num quarto, num bar, num beco qualquer... é ser sozinho no meio de tanta gente que não vai muito longe além da biosfera terrestre. Além do que você também pode ir...

Solidão é pior que saudade de gente viva, embora muitas vezes eu me pegue querendo crer o contrario... na verdade não tenho opniões muito bem fundadas.

E quanta gente vive aqui, nesse Rio de janeiros eternos, em que o sol finge um calor até quando se sente frio, e onde frio pode ser qualquer coisa que te leve a vestir um casaco ou derramar uma lágrima. Lágrimas se congelam aqui, tenho certeza... Os que choram com frequencia não trazem as panturrilhas douradas e nem os dentes claros...








Hoje

E lá se vai o último e o primeiro.
Não sei bem se o que vai é o que realmente existe ou se é o que eu criei pra mim... redesenhado e onipresente...Mas sei que vai, e não importa. Que importa, afinal, olhos marejados ante a alegria do mundo inteiro?
Há os que nascem para amar o homem, ou a mulher, ou os dois; e os que nascem para amar o mundo e seus tantos bilhões de viventes... e isso não impede de querer outra coisa.
Não sei bem o que dói, nem mesmo se doi. Saudade é coisa confusa que só se atesta com o tempo... e tempo torna qualquer remédio tardio, dispensável. O tempo traz novas caras, passíveis de serem amadas, deixadas e esquecidas. E o que fica? O tempo diz, mas já é tarde... nunca é tempo. Perceber é coisa sobrenatural... Mas não me importa a vã filosofia da compreensão de coisas sentidas... não hoje, quando o céu claro e o tapete de asfalto me liga ao mar e me convida ao suicídio, sabendo que eu não vou, sabendo que o Sol que é meu amor primeiro, em negação e desafeto... Sabem o tapete, o Sol, as nuvens gordas e flexíveis que eu sou filha é da noite... amante renegada da noite que beija a tantos antes de beijar a mim... daqui eu não saio e nada mais me importa, a não ser enterder de uma vez que se foram ambos: o real e o meu.
Sorte essas cinzas de cartas já estarem tão longe... sorte eu ter tanta coisa a mais que tenho em paz sem ter só pra mim... sorte eu saber o que importa antes de mais nada.
Ninguém fica... Já se foi o Louco, o Sol e o Maldito... não existe porque o Poeta ainda estar.

A margem


O que eu sou agora, talvez nem eu saiba... Mas é isso que me faz continuar, mesmo sem saber também pra onde...
Carrego somente o que me é necessário para continuar aprendendo: os olhos atentos, os braços abertos e as ossadas dos amores que não vivi... Não por não querer, mas por não ter sido o tempo.