terça-feira, agosto 08, 2006

Houve um tempo em que ela descansava a cabeça sobre o braço no parapeito da jenela de madeira, e pensava. Era o tempo das linhas bem trançadas, rendinhas de babado e mosqueteiros de tule onde borboletas se perdiam para ficarem vivas para sempre...
Houve um tempo em que ela descansava a cabeça sobre o braço na tampa de um vaso qualquer, de um banheiro qualquer, invariavelmente sujo, e vomitava. Era o tempo das unhas cerradas e coloridas, das calças gastas, dos pés suspensos, das asas quebradas e cabelos emaranhados onde dúvidas se prendiam para estarem latentes para sempre...
Houve um tempo em que ela descansava a cabeça sobre outro braço qualquer, e chorava. Era o tempo em que os amores nasciam onde ela pousava o olhar e morriam quando já não havia o que olhar, e haviam restos do amor onde ilusões se quebravam para as lembranças serem tristes para sempre...
Houve um tempo em que todo o descanço era fadiga, e não fazia nada...
Calçada com meias coloridas e trajada dos trapos de rendinhas de babados, com os olhos vazios, coloridos ao redor, deixava o corpo abraçado aos vasos sujos e voava, de asas capengas, até ir povoar constelações...


Um comentário:

NILO disse...

o que vc veria se olhasse pela janelado infinito?

Gostaria de olhar para o horizonte me ver pelas costas, e olhando para baixo me veria porcima.