quarta-feira, dezembro 09, 2009
Nada vai mudar isso
Nem meu rosto inchado de mágoa
O sol se escondeu lá fora atrás de uma nuvem de água
Nas paredes nossa história
E no teto a minha tela de cinema
Nela eu ainda vejo nossa esgrima de língua
Nossos lares, nossa antena
Meu amor se expulsou de mim
Cansou dos meus vícios
E mesmo que amanhã ele volte com outro feitiço
Hoje meu amor partiu e nada vai mudar isto"
terça-feira, novembro 03, 2009
A coisa nasceu como não devia nascer coisa alguma: do dia pra noite, sem direito a enxoval, previsão astrológica ou tempo pra pensar... Além do que em fins de mês ninguém tem grana pra bancar todas as cervejas que demandam as paixões repentinas...
E a coisa morreu também como não devia morrer coisa alguma... com umas mil e quinhentas palavras arrastadas e mal formuladas, entre três maços amassados do cigarro que não fumava, com febre de sol e sede de água... Melhor seria um tombo na esquina ou um afogamento premeditado no carnaval.
Nada espera o carnaval.
Mariazinha não espera o carnaval.
Mas entre os confetes que talvez a esperassem (como pode ela saber agora?), talvez estivessem também uns alfinetes que lhe espetariam o juízo.
Tantas coisas podiam, em número par: metade era boa e metade não. E como dizer que quem escolhe é quem não espera? Lá pode nem ter nada... O carnaval pode não chegar nunca, pode ser uma história que contam para que os bois durmam e as crianças parem de chorar. Pode ser também que chova ou que o sol esteja muito forte para os olhos tão sensíveis. Ou pode ser que lhe abata uma pnemunia bem na hora, e a banda venha, toque e passe, sem em nada lhe alterar a vida.
Nasceu e morreu a coisa, como não devia.
E o lamento é que até o que não é certo merece seu charme e sua lápide.
Mas não... Viveu em Mariazinha, que não espera o carnaval e morreu seco e desnutrido, em Mariazinha, que escangalha as coisas.
-
E agora ela lamenta a má sorte de alguns meses do ano, pergunta pela cura nas farmácias e desenhas corações flexados na sola dos pés.
segunda-feira, outubro 26, 2009
quinta-feira, outubro 08, 2009
Refletindo no msn
TOMADA 1:
Erika diz:
*vou ver se rola, amiga
*um minuto, xixi
Nathalia diz:
*ta
Erika diz:
*voltei
Nathalia diz:
*ta chovendo aí?
Erika diz:
*pra caralho
TOMADA 2:
Nathalia diz:
*oi
*diz....
*novidades...
Erika diz:
*ahh... tenho sim
*coisas loucas e estranhas, rs
*e vc?
*conta 1°
Nathalia diz:
*conta primeiro... to pintando minha unha
TOMADA 3
Erika diz:
*eu com uma gin tonica na mão, uma brahma na outra, fumando feito louca, td descabelada
Nathalia diz:
*típico
Erika diz:
*(boba)
TOMADA 4
Erika diz:
*eu acho que eles me acham burra e serelepe
Nathalia diz:
*mas as vezes a gente vicia num tipo de comportamento...
*aahahahahahahahahah
Erika diz:
*assim, eu entendo, nat
Nathalia diz:
*não amiga vc não é burra e muito pouco serelepe
TOMADA 5
Erika diz:
*amiga... não tenha medo
*a gente não controla essas coisas
*vive, cara
*vive mto, com mta força
Nathalia diz:
*rsrsrs... pois é..
*hurruull
Erika diz:
*hauhauha
*hurruull
TOMADA 6
Nathalia diz:
*ta me dando crise de enxaqueca... acho q é ansiedade
Erika diz:
*deve ser sim
Nathalia diz:
*não...
Erika diz:
*ou óculos que vc não usa
Nathalia diz:
*mas tem q melhorar rapido
*se não não opera
*óculos?
Erika diz:
*melhora sim
*é
Nathalia diz:
*como assim?
Erika diz:
*vc fica lendo mto
*e no pc
*tem que usar óculos
*senão doi a cuca
Nathalia diz:
*aaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhh
*achei q vc tava falando da urina
TOMADA 7
Nathalia diz:
*vai a merda.... vou bebê-la de qualquer jeito mesmo
*melhor beber com vc do que beber e ficar te ligando
TOMADA 8
Nathalia diz:
*ta
*seria interessante montar uma comunidade
*com a trajetória dos copos consecutivos e as msgs
*de acordo com a graduação alcoolica as msgs cada vez mais desesperadoras
*rsrsrsrsrr
*hein?
TOMADA 9
Nathalia diz:
*acabei de pintar minha unha
*ta bem
Erika diz:
*eu tenho que fazer unha um dia tbm...
*to que nem um ogro
*tah ligado no Golum do sr dos anéis??...
*to nessa vibe errada das unhas dele...
TOMADA 10
Erika diz:
*eu to tão feliz
*me sinto mais contente
*me sinto um ser da floresta
Nathalia diz:
*hahahahahhahahhahhah
TOMADA 11
Erika diz:
*mas então, td bem que eu fui isso td
*porra
*onde estão os sonhadores e os poéticos seres dos bares??
*onde estão os que veem beleza nas coisas??
*não,,, tds acham que temos que ser calmos e seguir o protocolo
Nathalia diz:
*as vezes os seres dos bares mandam mensagens para seres q estão vendo faustão...
Erika diz:
*hauhauhauhauha
Nathalia diz:
* desprovidos de toda e qualquer sensibilidade...
Erika diz:
*hahahahah
sexta-feira, agosto 28, 2009
quinta-feira, agosto 27, 2009
quinta-feira, junho 04, 2009
sábado, abril 18, 2009
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se você sente receio do inferno
Do fogo eterno, de Deus, do mal
Eu sou estrela no abismo do espaço
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço
Onde eu tô não há bicho papão
Eu vou sempre avante no nada infinito
Flamejando meu rock, o meu grito
Minha espada é a guitarra na mão
Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, você reza, você pede,você implora
Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz
O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?
Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou anti-socialista
Eu admito, você tá na pista
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou egoísta
Por que não..."
sexta-feira, março 06, 2009
segunda-feira, março 02, 2009
sexta-feira, fevereiro 20, 2009
quinta-feira, janeiro 29, 2009
Tudo junto e misturado
Ooooo ohooohoo oooohoo
Ooooo ohoohooo oohoooo
Oohooo oohoooho ooooho
Ooooo oooooo oooooo
Ooooo oooooo oooooo
Somewhere over the rainbow
Way up high
And the dreams that you dreamed of
Once in a lullaby ii ii iii
Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
And the dreams that you dreamed of
Dreams really do come true ooh ooooh
Someday I'll wish upon a star
Wake up where the clouds are far behind me ee ee eeh
Where trouble melts like lemon drops
High above the chimney tops thats where you'll find me oh
Somewhere over the rainbow bluebirds fly
And the dream that you dare to,why, oh why can't I? i iiii
Well I see trees of green and
Red roses too,
I'll watch them bloom for me and you
And I think to myself
What a wonderful world
Well I see skies of blue and I see clouds of white
And the brightness of day
I like the dark and I think to myself
What a wonderful world
The colors of the rainbow so pretty in the sky
Are also on the faces of people passing by
I see friends shaking hands
Saying, "How do you do?"
They're really saying, I...I love you
I hear babies cry and I watch them grow,
They'll learn much more
Than we'll know
And I think to myself
What a wonderful world
Someday I'll wish upon a star,
Wake up where the clouds are far behind me
Where trouble melts like lemon drops
High above the chimney top that's where you'll find me
Oh, Somewhere over the rainbow way up high
And the dream that you dare to, why, oh why can't I? I hiii ?
Ooooo oooooo oooooo
Ooooo oooooo oooooo
Ooooo oooooo oooooo
Ooooo oooooo oooooo
Ooooo oooooo oooooo
Ooooo oooooo oooooo"
quinta-feira, janeiro 22, 2009
E eis que hoje me deparei com esse trecho de T.S. Eliot, bordado pela caprichosa caligrafia dos meus 17 aninhos (10 de maio 2003), dobrado dentro de A insustentável leveza do ser...
East Coker (T.S.Eliot)
(trecho inicial da parte III)
O escuro escuro escuro.
Todos mergulham no escuro,
Nos vazios espaços interestelares,
no vazio que o
[ vazio inunda,
Capitães, banqueiros,
eminentes homens de letras,
Generosos mecenas de arte, estadistas e
[ governantes,
Ilustres funcionários públicos, presidentes de vários
[ comitês,
Magnatas da indústria e pequenos empreiteiros, todos
[ mergulham no escuro,
E escuros o Sol e a Lua, o Almanaque de Gotha,
A Gazeta da Bolsa, o Anuário dos Diretores,
E frio o sentido e perdido o fundamento da ação,
E todos os seguimos no silente funeral,
Funeral de ninguém, pois a ninguém há que enterrar.
Eu disse à minh'alma, fica tranqüila, e deixa baixar o
[ escuro sobre ti,
Pois que aí tudo será treva divina. Como num teatro,
As luzes se apagam para a troca de cenários
Com um côncavo ribombo de asas, com um movimento de treva sobre treva,
E sabemos que as colinas e as árvores, o distante
[ panorama
E a soberba fachada altiva estão sendo arrastados
[ para longe—
Ou quando, no metrô, um trem se demora entre
[ duas estações
E as conversas se animam e lentamente no vazio
[ tombam
E vês por detrás de cada rosto aprofundar-se o vazio
[ mental
Que semeia apenas o crescente terror de nada haver
[ em que pensar;
Ou quando, sob o éter, o pensamento é consciente,
[ mas consciente de nada —
Eu disse à minh'alma, fica tranqüila, e espera sem
[ esperança
Pois a esperança seria esperar pelo equívoco; espera
[ sem amor
Pois o amor seria amar o equívoco; contudo ainda
[ há fé
Mas a fé, o amor e a esperança permanecem todos à
[ espera.
Espera sem pensar, pois que pronta não estás para
[ pensar:
Assim a treva em luz se tornará, e em dança há-de o
[ repouso se tornar.
...
Bom... foi um feliz reencontro.
Num primeiro momento forcei minha infalível memória para tentar lembrar porque cargas d'água esse trecho foi tão importante para eu transcrevê-lo. Tive sossego aceitando que o escrevi simplesmente para encontra-lo agora... Que as coisas são assim, sutilmente entrelaçadas, cuidadosamente costuradas umas nas outras.
E é assim... espera... Porque o que não conseguimos arrancar do coração, damos como fato consumado, caso perdido, e aceitamos, nos resignamos e de qualquer forma seguimos.
Receio que a mera tentativa da luta contra essas noites densas aumenta a angustia e o desespero. Vamos sentar, acender um cigarro, e esperar... Quando avistar o fundo do posso, tente ir mais fundo, cada vez mais, e sorria, pois dali você não passa... Logo depois amanhece. E pronto.
E de mais a mais, o dia de hoje merece um dane-se para todas as tolices cometidas, por mim e por eles, pelos que já nem existem e pelos que hão de vir, com novas e modernas tolices, coisas surpreendentes, que eu mesma não seria capaz de supor agora...
Bah.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
Já que me pergunta...
Ao meu quase amor que escorrega que nem sabão.
Meu coração é uma almofadinha de retalhos, muito bonitinha e gasta, que me serve de conforto na solidão e de proteção contra as punhaladas. Meus amores todos usaram punhais.
Para morrer de amor é necessária a decência do pó de vidro, para matar de amor ou espantar o amor, usamos punhais.
Não posso dançar agora, estou ocupada. Estou a costurar remendos no meu coraçãozinho, sentada na beira da estrada: não te seguiria, nem se me convidasse. Tenho medo de você do estrago que pode causar.
Mas eu sei que tu não me convida coisa nenhuma e nem te agrada a idéia de esperar até que denovo eu enlouqueça. O tempo não me ensinou nada tão importante quanto à arte de detectar os pregrinos: vocês caminham em zig-zag e se movem por tudo que brilhe... e nada brilha muito tempo.
Além do mais, tudo mudou: antes eu despertava ao menor sinal de uma paixão, me declarava, me desesperava e acabava, quase sempre, aos frangalhos, esparramada num banheiro de luz fria com meia garrafa de conhaque e três maços amassados de cigarro, chorando até vomitar. Agora, ao menor sinal de uma paixão, eu bebo vodka: bebemos conhaque para lembrar e vodka para esquecer, isso é um fato.
De qualquer forma, te agradeço pela beleza e pela coragem que tu trouxe, sem querer e sem saber. Vá embora logo antes que eu te ame e sofra, antres que eu me arrependa de não ter tentado fazer você ficar e cantar no meu chuveiro, e volte sempre que sentir vontade, porque gosto de ver o tempo passar, às vezes.
Eu acho que vou ficar por aqui mesmo, pois a boemia me anestesia dos tropeços todos.
Estou muito surpresa por estar tranquila.
Um beijo eterno, pessoa mais bonita do mundo.
E.