Freud diz que tudo o que não falamos ou externamos de forma clara volta em forma de recalque, potencializado. Acho que é verdade. Por isso os diários, as cartas, os longos monólogos na frente de espelhos embaçados pela água quente... são formas alternativas para os que não se sentem muito confortáveis em divâs e para os que têm tantas "curvas de santos" no coração, quem temem a incompreensão. Ou a chatice.
Enfim.
Hoje eu me reli. Achei graça das crises passadas, outras, mal cicatrizadas, deram uma fisgadinha, mas nada demais, nada que mereça uma insônia ou um conhaque barato no próximo bar. Hoje eu me reli e mais uma vez percebi que a vida não é algo linear. As nossas escolhas não nos levam só para cima ou para baixo. Mas também não é cíclica. Não, nós não estamos presos nesses tédio do eterno retorno. A vida é qualquer coisa muito doida, que vai e vem, em zig-zag, que sobe e desce escada, que sacode e pára, volta e meia, pra respirar. A vida não é nada senão também qual massa de tomate a gente escolhe.
A vida é muito clichê, quando a gente tenta divagar sobre ela.
De mais a mais, se expessar é bom, por causa de Freud, ele tinha razão nisso. E é bom pra que a gente se releia volta e meia e possa dizer a si mesmo, numa hora dessas "é isso aí, amada, vamos indo". É a única maneira da gente olhar o quem vem sendo sem as traições apaixonadas da memória. E é a única maneira da gente matar o tempo num domingo com muita chuva e pouca grana, da gente não ser tão sozinho estando tão sozinho.
É isso.